Reforma laboral. António Filipe diz que se fosse PR "usaria plenamente os poderes"

O candidato presidencial, apoiado pelo PCP, diz que a reforma laboral proposta pelo Governo é uma "ofensiva em grande escala contra os direitos dos trabalhadores" e que caso lhe chegasse às mãos submeteria a lei ao Tribunal Constitucional.

RTP /
Gonçalo Costa Martins - Antena 1


António Filipe garante que não tem qualquer dúvida sobre o que faria e usaria "plenamente os poderes" que a Constituição confere ao Presidente da República.

Questionado pela Lusa em Matosinhos sobre qual a decisão que tomaria enquanto Presidente da República sobre as alterações à legislação laboral propostas pelo Governo, António Filipe disse não ter qualquer dúvida sobre o que faria e usaria "plenamente os poderes" que a Constituição confere ao Presidente da República.

"Em primeiro lugar faria uma análise da constitucionalidade das normas aprovadas com vista a submeter ao Tribunal Constitucional a sua apreciação e, numa fase posterior, relativamente às normas que eu considerasse lesivas dos direitos dos trabalhadores enviaria uma mensagem à Assembleia da República pedindo que reconsiderasse essas normas", explicou.

À margem dum almoço com apoiantes na Escola Básica da Baranha, distrito do Porto, António Filipe disse compreender os trabalhadores que adiram à greve geral de 11 de dezembro contra o pacote laboral do Governo, argumentando que as "traves mestras" são "preocupantes".

"É uma ofensiva em grande escala contra os direitos dos trabalhadores e daí que eu compreenda perfeitamente a necessidade que os trabalhadores sentem de recorrer a formas de luta mais drásticas, como o direito à greve ou como a greve geral".

Recordou que embora o Governo tenha invocado existência de negociações, já deixou claro que quer insistir naquilo que o candidato considera serem "as traves mestras" da lei.

"O Código do Trabalho já é muito desfavorável aos trabalhadores e com estas alterações estaríamos perante uma liberalização do despedimento na prática, em que o conceito de justa causa deixaria de fazer sentido na medida em que mesmo que o tribunal decretasse a ilegalidade do despedimento, o trabalhador na prática veria negado o seu direito à reintegração na empresa", disse.

O candidato presidencial contestou a proposta por consagrar um banco de horas individual que levaria a que "por decisão do patronato o trabalhador seja obrigado a trabalhar até 50 horas semanais".

Alertou ainda para o "ataque das jovens mães à amamentação" e para as "limitações graves ao exercício da liberdade sindical e direito à greve".

António Filipe tem a expectativa de que esta proposta seja "rejeitada antes das eleições presidenciais".

"Um Presidente (da República) preocupado com o dia a dia de cada um, com os problemas que cada pessoa sente na sua vida, no seu trabalho, no seu acesso a direitos fundamentais como a saúde e a educação e que as pessoas possam olhar para o Presidente da República e pensar este é alguém que eu elegi e que está do meu lado e compreende", concluiu.

O candidato presidencial apoiado pelo PCP adiantou que tem intenções de entregar este mês de novembro a candidatura junto do Tribunal Constitucional.

"Tencionamos ainda este mês de novembro formalizar a candidatura junto do Tribunal Constitucional. Temos como objetivo superar largamente as 7.500 assinaturas que são obrigatórias". ´

C/Lusa
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